Quem entrou em uma confeitaria nas últimas semanas provavelmente esbarrou em uma versão (ou várias) do “morango do amor”. Composto por morango fresco, brigadeiro, leite condensado e uma calda vermelha de açúcar que endurece e forma uma casquinha crocante, tal qual a maçã do amor, esse doce surgiu com força total e virou fenômeno.
É curioso como uma receita tão simples pode mobilizar tanta atenção. Mas não é sobre o doce em si. É sobre o momento. Sobre o tipo de desejo coletivo que surge quase sem aviso e, quando encontra marcas atentas e rápidas, vira oportunidade real de negócio. E muita gente do setor de confeitaria entendeu isso rápido.
Não foram só os grandes nomes. Pequenos negócios e confeitarias de bairro, que souberam adaptar sua produção e atualizar o cardápio, também surfaram na onda. Mais do que apenas reproduzir a receita tradicional, muitos embalaram a experiência: colocaram o produto em caixinhas estilosas, deram nomes criativos, posicionaram como edição limitada, investiram em vídeos caseiros com estética apetitosa e marketing.
O efeito foi imediato. Clientes fazendo fila, vídeos com milhões de visualizações, aumento no ticket médio. E o mais interessante: tudo isso sem que ninguém precisasse explicar o “porquê” da febre. As pessoas simplesmente queriam. O desejo foi criado por repetição e estética, e a comunicação, quando bem-feita, só amplificou esse apetite.
O morango do amor virou vitrine de algo maior: a capacidade de reconhecer movimentos culturais enquanto eles ainda estão em ebulição. É aí que mora o valor de estar atento às microtendências, aquelas que não aparecem em relatórios trimestrais, mas nas conversas, nos vídeos, nos stories espontâneos.
Não é só sobre seguir modinhas. É sobre saber quando uma ideia deixou de ser só mais uma e passou a ter potencial de virar comportamento. E mais: entender o quanto ela se conecta com seu público e sua marca. A confeitaria que viu o morango do amor explodir e simplesmente replicou sem identidade, talvez tenha vendido alguns a mais. Mas a que criou algo autoral, posicionou com intenção e trabalhou visual, texto e tempo certo criou memória de marca.
No fim das contas, a comunicação boa é essa: não a que apenas acompanha a tendência, mas a que transforma essa tendência em linguagem própria. Que interpreta o momento com personalidade e não com fórmula. Porque a febre passa, mas a marca que soube fazer parte da conversa de forma inteligente, essa fica na lembrança.