À medida que nos aproximamos das eleições de 2026, o marketing político vive um momento de transformação profunda. A presença nas redes sociais já não é mais uma inovação, é pré-requisito. Campanhas que antigamente dependiam quase exclusivamente de comícios, programas de TV e santinhos impressos, agora precisam dialogar com algoritmos, narrativas em vídeo curto, memes, influenciadores locais e interações em tempo real.
Mas essa nova realidade não significa o fim da mídia tradicional. Ao contrário do que muitos apressadamente decretaram, rádio, televisão e jornal continuam ocupando espaço estratégico. O desafio está em compreender que o digital não substitui: ele complementa, amplia e exige uma abordagem mais integrada e profissional do marketing político.
Desde 2018, as redes sociais vêm ganhando protagonismo nas campanhas eleitorais brasileiras. Candidaturas de todos os espectros ideológicos passaram a enxergar nas plataformas uma oportunidade única: falar diretamente com o eleitor, sem intermediários. Isso significou um salto em termos de personalização da comunicação e velocidade na construção (ou desconstrução) de reputações.
Com a popularização dos vídeos curtos, a ascensão de plataformas como TikTok e o amadurecimento do conteúdo político em podcasts e transmissões ao vivo, as campanhas passaram a disputar cada segundo da atenção do eleitor. Isso ampliou o escopo das estratégias: deixou de bastar uma boa peça publicitária no horário eleitoral. Hoje é preciso ser conteúdo todos os dias, e de diferentes formas.
As redes sociais passaram a ditar ritmo, tom e até mesmo os temas das campanhas. Um post bem colocado pode pautar um debate nacional; já uma resposta mal planejada pode gerar uma crise em minutos. Tudo isso exige preparo, leitura de cenário e agilidade.
Apesar da força do digital, a mídia tradicional mantém seu valor. Televisão, rádio e jornais seguem sendo fontes de informação relevantes, principalmente entre eleitores mais velhos, em regiões com menor acesso à internet ou em contextos onde a credibilidade institucional faz diferença.
Campanhas bem-sucedidas são aquelas que entendem o papel de cada canal. Enquanto o Instagram aproxima e humaniza, a TV pode consolidar imagem e reputação. O rádio, especialmente em áreas rurais e interiores, ainda tem grande penetração. Jornais, tanto impressos quanto online, são fundamentais para gerar credibilidade e repercussão.
Mais do que escolher um ou outro, o caminho está em construir pontes. O digital precisa conversar com o offline. A fala feita ao vivo deve ecoar nos cortes de vídeo. A matéria publicada precisa ser desdobrada em conteúdo para o feed. É nessa convergência que se constroem campanhas mais sólidas, com presença múltipla e coerente.
Se em eleições anteriores ainda era possível improvisar, isso não se sustenta mais. O marketing político digital amadureceu. Ele exige equipe técnica, planejamento estratégico, produção de conteúdo audiovisual, gestão de crises, monitoramento de redes e uma leitura profunda dos dados que essas plataformas oferecem.
Campanhas precisam deixar de lado o imediatismo e trabalhar com visão de longo prazo. Isso inclui pensar a comunicação política muito antes do início oficial do período eleitoral. É na pré-campanha que se constrói autoridade, se define tom e se estreita o vínculo com a audiência.
A tendência para 2026 é de campanhas cada vez mais estruturadas, com atuação multiplataforma, conteúdo recorrente e uma forte presença digital sem renunciar à força da mídia tradicional. O eleitor mudou. A comunicação política também. Quem entender isso primeiro, larga na frente.